sábado, 29 de dezembro de 2012

Tarangire, a reserva dos elefantes


A reserva natural de Tarangire, deve o seu nome ao rio que a atravessa e que garante água e por isso vida selvagem durante todo o ano.

A visão do parque é de Savana, e relativamente ao Quénia, notámos imediatamente uma diferença quer na atitude dos guias quer na forma como se movimentam nos parques.



Na Tanzânia, apenas se anda nos trilhos marcados, ao contrário do Quénia, onde se pisa por onde se quer. Esta atitude mais civilizada e mais protectora do parque, revelou-se ao contrário do que inicialmente pensámos mais frutífera na quantidade de vida selvagem avistada. A verdade, é que vimos mais vida selvagem do que no Quénia, talvez porque esta atitude consciente, tenha habituado os animais a não serem tão incomodados como no Quénia onde não é raro ver 10 ou 20 jipes a poucos metros dos animais

Mas voltando a Tarangire, saímos bem cedo mais uma vez, para apanhar a altura mais activa do parque.

Como no dia anterior chegámos já tarde, não tivemos a oportunidade de ver a placa de "boas vindas" ao nosso lodge, o Tarangire Sopa Lodge!



Não sei porquê, mas parece-me que não tiveram sucesso na mensagem de boas vindas que pretenderam passar...

Para além de toda a vida selvagem que aqui vimos, houve 4 curiosidades adicionais:

Em primeiro lugar vimos pela primeira vez o mais pequeno antilope do mundo: o Dik-Dik



Depois tivemos a oportunidade de ver uma cena curiosa com uma hiena que nos foi explicada pelo nosso guia Paul: Assistimos a uma hiena a comer uma carcaça e a dirigir-se em seguida para o rio.



O Paul explicou-nos que esta hiena teve a necessidade de se lavar, para retirar o cheiro que iria denunciar o banquete solitário que tinha tido, sem que o tivesse partilhado como seria da praxe com o grupo, já que as hienas são animais que fazem tudo em grupo e é precisamente por isso que são temíveis. Sem este banhinho, esta hiena ficaria em maus lençois...



Outro acontecimento curioso, foi a "provocação" que o nosso guia fez a 2 elefantes, uma fêmea e a sua cria ao parar o Jipe no local em que estas iriam atravessar um trilho! Eu nem quis acreditar quando o Paul, pura e simplesmente desligou a ignição, com a mãe elefante visivelmente irritada com a situação e a arrastar a pata no chão como se fosse um touro!





O momento prolongou-se um pouco (para nós muito) e a elefanta (ou mais correctamente aliá) lá se decidiu a contornar o Jipe!



Outro momento, este muito mais picante, foi o termos apanhado o acasalamento de leões! Não consegui deixar de me sentir constrangido e de me ter sentido um mirone ao não deixar aquele casal na sua merecida intimidade! Mas um dia não são dias, e dediquei este momento à ciência!



Acabou por ser mais um momento "national geographic" que tem direito a explicação adicional e tudo! Os leões e as leoas claro, na época do Cio acasalam mais de 50 vezes por dia! É claro que não se perdem em preliminares e despacham o assunto em menos de 1 minuto!




Tivemos a oportunidade de assistir, que na sociedade leonina, a tradição ainda é o que era e quem manda ali é mesmo quem usa a barba! Assim, foi ao estilo "palmada no rabo e um género de - põe-te lá a jeito! - bem mandada a leoa obedece e o barbudo despacha a coisa em 3 tempos e solta um rugido assustador (mesmo) como quem diz: "-Já está!"





Na continuação do safari, bem agradável, vimos realmente muitos elefantes, girafas, imensos termiteiros que dão um aspecto muito engraçado ao terreno e alguma vida "pequena" sempre muito agitada!











Também de volta ao nosso hotel, que era bem simpático, imitando um acampamento de cubatas, tivemos a oportunidade de ver alguma vida bem simpática!








Gostámos muito de estar em Tarangire, não podia ter começado melhor o nosso périplo na Tanzânia!

Partimos com destino ao lago Manyara...



"- Até já" -  dizemos a este amigo!



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Do Quénia para a Tanzânia

Saímos cedo e o Lago Nakuru já ficou para trás! No caminho tempo para uma paragem numa "fábrica" de estátuas, para a habitual aldrabice de uma suposta visita "cultural". O esquema é o habitual e começa sempre com uma visita "gratuita" à "fábrica" acompanhado por um hiper-simpático guia, debitando uma série de banalidades, já que não há nada para dizer, basta observar os talentosos escultores de madeira que dão asas à imaginação e fazem sair verdadeiras obras de arte (na minha perspectiva) de toros toscos de madeira.



 Claro que depois da curta visita, existe sempre uma loja!

Aqui começa a armadilha do turista, igual em quase toda a parte do Mundo! O esquema é psicológico e é do género, "Então eu fui tão simpático contigo, expliquei-te uma série de coisas, acompanhei-te, tu nem pagaste nada por isso e agora não me queres comprar nada aqui na loja?". Chega a hora da resposta habitual: "Não, obrigado, embora ache lindos os abutres em madeira e fiquem lindos na nossa sala, acho os milhares de dólares pedidos por eles um bocadinho exagerados!".

 Bem o costume, afastei o agressivo e intimidador "guia da fábrica", que no Quénia foi aliás uma constante, e dirigi-me aos escultores para lhes dar uma gorgeta, dado que estes é que são explorados e são os únicos que trabalham!

 Continuamos no famoso grande vale do Rift, que se estende por mais de 5000 Km entre a Síria e Moçambique. É uma falha tectónica responsável por este vale imenso e que nos brinda com estas paisagens!





Mas o nosso destino já está traçado e chega a hora de apanhar o nosso vôo internacional! Tá visto que não houve muita gente a querer seguir até à Tanzânia!



Aqui vamos nós nesta casca de noz! Pela primeira vez, levei as malas até à pista e entreguei a um senhor, que abriu uma portinha, tipo porta-bagagens e a colocou no nosso super-sónico... mosquito! Depois da Xana ter revirado os olhos uns milhões de vezes e ter dito outros tantos que nunca punha os pés "naquilo", lá entrámos e verifiquei com inegável satisfação, que não existiam pedais!



Lá fomos, e depois de ficar com o braço esmigalhado (não sabia que a Xana tinha tanta força!) chegámos à altura de cruzeiro e fizemos uma viagem muito agradável! O nosso destino era o aeroporto de Kilimanjaro e tivemos o bónus de passar ao seu lado para olhar para as suas neves eternas!



 Quando chegámos, finalmente tivemos uma recepção à nossa altura! Inúmeros carros e motas da polícia, de luzes ligadas e sirenes, quando partimos com a nossa comitiva, mandam-nos encostar à berma, informam-nos que vem aí o Presidente da República da Tanzânia. Ainda disse, que não valia a pena, que não queríamos incomodar o Sr. Presidente, mas não foi preciso continuar, dado que o seu carro passou por nós a alta velocidade! Ainda hoje acho, que ele se perdeu de nós... ~

A sensação de entrar na Tanzânia, é de que se trata dum país mais próspero do que o Quénia, não esquecendo claro que ambos são muito pobres, mas o simples facto de se verem ao longo da estrada "barracas" de tijolo, já nos dá uma pequena indicação, que mesmo assim, vive-se melhor por aqui do que no país vizinho.

 Mas estamos aqui para o Safari, por isso vamos lá! Seguimos para Arusha, a cidade que é o centro nevrálgico na organização de Safaris na Tanzânia. Fiquei com a sensação que qualquer Safari, começa e acaba aqui. Somos bem recebidos, com uma organização correcta e simpática, onde nos dão um briefing sobre os nossos próximos dias e nos entregam ao Paul, uma velha raposa dos safaris, simpático apesar de pouco expansivo e com um olho de lince como teríamos oportunidade de constatar mais tarde.

 Seguimos num agressivo Defender rumo a Tarangire, a nossa primeira reserva na Tanzânia.

 O Tarangire national Park é pura Savana e é famoso pela enorme concentração de elefantes e pelas Baobas, árvores fantásticas, que dizem que estão de pernas para o ar dado que os seus ramos parecem as raízes. Nós chamamos-lhes embondeiros. São precisamente as imagens das baobas, com o pôr do sol como antecâmara que guardo na memória como uma das mais bonitas imagens que me lembro de viver!





 O Universo parece conspirar para que a Tanzânia se torne inesquecível...


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Lago Nakuru

Saímos provavelmente do mais famoso parque natural do mundo, Masai Mara, e seguimos por terras Masai até ao lago Nakuru.

A paisagem está salpicada pelas coloridas e vistosas roupas dos inúmeros grupos de Masais que vamos avistando e pelas suas sempre atrativas aldeias recheadas de cubatas redondas.

Qualquer viagem de carro no Quénia é uma aventura e esta obviamente não foi excepção, pelo que é com redobrada satisfação que chegámos ao hotel.

O hotel era muito simpático, com jardins muito bem cuidados e uma vista excelente sobre o parque com o lago em perspectiva. Os bungalows por fora eram muito engraçados embora por dentro fossem extremamente básicos. Dava a sensação de ser um hotel já bastante antigo, provavelmente desde a altura em que o Lago Nakuru, foi proclamado o pimeiro santuário de aves de África nos idos anos 60.

A reserva natural do Lago Nakuru, nada tem a ver com o safari tradicional que nos assalta a imaginação quando pensamos num safari em África e por isso mesmo, é bem vinda essa diferença. O Lago Nakuru não é savana, mas sim um parque verdejante e com floresta que encerra no lago pintado de cor de rosa dos flamingos o seu verdadeiro highlight!

De forma minimalista, o lago Nakuru é uma reserva que se vê numa tarde e em que os grandes pontos de interesse são a proximidade com que se consegue observar o rinoceronte branco e o verdadeiro espectáculo cénico proporcionado pelos milhares de flamingos e já agora pelicanos que se encontram literalmente estacionados no lago e nas suas margens.

Claro que para um verdadeiro ornitólogo ou entusiasta da observação de aves, o lago Nakuru é um maná, dado que se podem observar mais de 400 espécies de aves num espaço relativamente reduzido.


Nós saímos bem cedo de Masai Mara para chegar a Nakuru à hora do almoço e aproveitámos toda a tarde para conhecer o parque.



A vida selvagem aqui não é tão variada e não observámos nenhum grande predador. Vimos imensos babuínos, bufalos, zebras e gazelas diversas. A paisagem é extremamente agradável nos seus inúmeros tons de verde e tem o seu apogeu na chegada ao lago com essa mística muito própria dos grandes espaços onde a água impera, seja o mar, um rio ou neste caso um lago.







Aqui aproveitámos para esticar as pernas no extenso relvado que separa a floresta do lago e que nos permite ter um raio de visão suficiente para a nossa segurança e para observar os flamingos e pelicanos mais de perto. Lá está a adrenalinazita de sair da nossa hiace...





Aprendemos que nestes lagos carregados de sal e por isso sem vida, se desenvovem umas algas no fundo do lago que fazem parte da dieta única dos flamingos. São estas algas que fornecem a coloração cor de rosa aos flamingos. Os flamingos criados em cativeiro alimentados à base de outra qualquer dieta serão brancos! Também se aprende umas coisas num safari...

Aproveitando-nos do tal raio de visão alargado, corremos para a segurança da carrinha quando avistamos a dirigirem-se na nossa direcção alguns rinocerontes que acharam que a erva que pisávamos seria a mais saborosa do local... " - foge que vem lá um tanque!"


É quase cego mas parece que tem bom olfacto, por isso o melhor é mesmo resguardarmo-nos...



É absolutamente deslumbrante a imponência dos rinocerontes! São uma massa bruta e descomunal com uma aparente "carapaça" de protecção que os fazem assemelhar a verdadeiras máquinas de guerra!






Fantástico momento! Mais um para a galeria de ouro que felizmente vai aumentando a cada ano que passa...


Levamos connosco mais umas recordações felizes e recolhemos ao hotel onde temos um verdadeiro jantar com "vista". Está na hora de preparar a nossa despedida momentânea do Quénia, já que amanhã será dia de voltar a Nairobi para seguir viagem para a Tanzânia, a Tanganica de Livingstone...