segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Bali, Bratan e Tanah Lot.

Mais uma vez partíamos à descoberta de Bali, uma ilha fértil em oportunidades para ver e viver...

Saíamos mais uma vez de táxi, seguindo o que já tínhamos feito antes e que tinha corrido bastante bem.

Aqui dá vontade de alugar um carro e fazermos todo o percurso por nós, mas depois de vermos como funciona o trânsito por aqui, desistimos rapidamente da ideia. Evitamos qualquer chatice, quer com acidentes, quer com o relacionamento em algumas barreiras de locais que fomos encontrando aqui ou ali...

É impossível não pedir ao motorista, para ir parando de vez em quando para absorvermos aquelas paisagens...





O nosso destino era o lago Bratan, um dos locais mais sagrados de Bali e também um dos seus locais mais bonitos.

É um lago nas montanhas, com vários templos espalhados pelas margens, existindo mesmo um deles dedicado a Shiva e Parvhati a sua consorte, o topo da hierarquia do sagrado, como comprovam os 11 andares de telhados que compõem o templo...


Aprendemos que os templos hindus, pelo menos aqui em Bali, têm sempre número impar de andares e quanto mais andares tiverem, num máximo de 11, mais sagrados e importantes são, ou os seus locais, ou as relíquias que contém.




O local é lindíssimo, e aproveitámos para nos evadir e ficar à deriva sem destino, passeando nas margens e felizes por estarmos ali...

Fundimos-nos com a paisagem e até mesmo com a religião, neste caso a budista, uma vez que existia também um templo budista nas imediações...


Um local com esta beleza, atrai sempre turistas, só pode, e com eles, também algum folclore local... aqui na forma de cobras enormes...


Podíamos ter ficado ali o dia todo, mas sabíamos que havia ainda muito para ver, tão bom ou melhor do que o Lago Bratan...

Seguimos para Ubud, para darmos uma volta e para almoçarmos.

Ubud é uma vila verdadeiramente simpática, conserva um romantismo que não vi igual na ilha...

Foi "descoberta" por viajantes há já muito tempo que a conservaram como a capital cultural de Bali, como se pode ainda ver nas inúmeras galerias de arte e nas lojas culturais que se amontoam nas ruas agitadas.

Até os hoteis, cafés e bares, trazem o cunho dos viajantes independentes e com bom gosto, onde parece que houve uma verdadeira resistência, cada vez mais difícil, do turismo de massas, onde apenas encontramos estabelecimentos de dimensões reduzidas e bem cuidadas.

Aqui até o comércio tem bom gosto e ainda hoje tenho pena de por 10 cêntimos não ter trazido umas estátuas que não voltei a encontrar :-) Por vezes entusiasmamos-nos a regatear! e além disso estava convencido que ía encontrar estátuas iguais noutro lado... Não encontrei... 

Ubud, que já conhecíamos, é um sítio sempre simpático para passear e para aproveitar a fusão perfeita que existe aqui entre a cultura local e a cultura dos viajantes que no meu entender a compreenderam, preservaram e amplificaram...

Comemos num restaurante muito simpático e acolhedor à maneira dos locais, sentados numa almofada no chão...

Estávamos literalmente no meio de um jardim, com uns batidos inesquecíveis e uma comida de se lhe tirar o chapéu!


Depois de aproveitarmos bem Ubud e de deambular sem rumo pelas suas ruas, fomos até ao Tanah Lot, onde queríamos chegar ao final da tarde, para ver se tínhamos a sorte de o ver com um belo pôr-do-Sol como moldura...

Com o entusiasmo em Ubud, quase que não chegávamos de dia ao Tanah Lot! As nuvens de qualquer forma resolveram dar um ar da sua graça e anularam o pôr-do-sol idílico que esperávamos...

A entrada para o Tanah Lot é uma verdadeira feira, com toda a espécie de bancas e artigos, desde o tradicional artesanato até a todo o tipo de contrafacção tão famosa em todo o sudeste asiático.

O que não deixou de ser idílico foi o próprio templo em si, que tem a particularidade de se tornar uma ilha na maré cheia, sendo apenas visitável na maré vazia... Gosto da ideia, de não sermos nós a controlar o acesso mas sim a natureza... e não só, uma vez que pela crença balinesa, um pelotão de cobras venenosas lideradas por uma cobra gigante são dadas como protectoras do templo... pelo sim pelo não, guardámos uma distância de segurança...



O dia estava assim acabado e podemos dizê-lo que da melhor forma!

Para aumentar já a saudade que se começava a formar de Bali, um espectáculo de danças no hotel esperava-nos...




Bali é sem dúvida um local imperdível, mesmo que o "ataque" do turismo de massas seja neste momento cerrado. A riqueza cultural e espiritual de Bali é comovente. As paisagens são deslumbrantes e as pessoas simpáticas e cativantes.

Os motivos de interesse são muitos e variados e houve muitos que me faltaram, como a nova coqueluche do turismo independente Lovina, uma praia no norte da ilha ou Sanur que não visitei. Existe ainda a praia de Candidasa e os inúmeros locais, onde se pode praticar snorkeling. Como sou fã, fiquei muito curioso para saber como seria a qualidade do snorkeling por aqui. Para isso, seria muito bom um saltinho à ilha de Nusa Penida e ilhas adjacentes, onde parece que é um dos melhores locais e fica bem perto de Nusa Dua onde ficámos...

Ficam também inúmeros templos por visitar...

Para além das saudades que já sentimos, ficam também inúmeros motivos para voltar...

Mas a nossa grande excitação agora é o que encontraremos em Lombok, e nas Gili....

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Bali, Uluwatu e Kuta...

Nestas latitudes, temos que estar sempre prontos para alguns percalços...

Uma intoxicação alimentar atacou a Xana, que ficou 2 dias knock out!

Parece que ainda me estou a lembrar de um jantar que tivemos ao ar livre no hotel...

Com o ar mais natural deste mundo, pedia ao empregado: "- Excuse me sir, 2 cokes for us, and i would like also to tell you that my wife has just vomited near the pool! thank you very much!".

Aqueles cheiros da comida asiática, que tanto nos encantam, parece que são menos aceitáveis quando estamos com uma intoxicação alimentar...

Felizmente, tínhamos guardado bastantes dias em Bali, pelo que não perdemos muito do que queríamos visitar e aproveitámos para relaxar no hotel...








Estivemos na praia, quando existia, já que normalmente da parte da tarde, esta desaparecia!






Tivemos a oportunidade também de socializar com uns esquilos residentes, que não se mostravam nada tímidos, quando o assunto era pedinchar uns amendoins...




Tive a oportunidade de perder a aliança na piscina e de me aperceber numa conversa ao lado, que alguém tinha encontrado uma! Foi engraçado, porque virei-me para a Xana: "- Olha parece que aqueles alí encontraram um anel de ouro..." " - Tu já reparaste que a tua aliança desapareceu!" disse a Xana :-)

Depois de muita piscina, praia, sol, massagens, danças balinesas e dolce fare niente, já com a Xana recuperada, lá conseguimos voltar a dar uma voltinha pela ilha.

Esta seria mais curta, apenas meio dia, saindo depois do almoço para visitar um templo famoso e relativamente próximo no sul da ilha: o Uluwatu.

Saímos direitos ao sul e passado menos de meia hora, já desembarcávamos para entrar no templo.

O Uluwatu é mais um dos templos sagrados de Bali que remonta já ao século XI e que protege a ilha e a sua população dos espíritos malignos do oceano...



Tinha a particularidade de ficar "pendurado" no cimo de um penhasco, parecendo querer desafiar a gravidade...



Logo à chegada, juntamente com a oferenda que fazemos ao templo, dão-nos também um Sarong, uma vez que não é permitido visitar os templos sem uma indumentária apropriada, que é como quem diz completa. Nada de saias ou calções...

Aqui como em todos os outros templos, os macacos são reis e senhores, não só porque têm livre acesso a todo o templo, como são os maiores beneficiários de todas as oferendas que os fiéis doam às diferentes divindades representadas em estátuas um pouco por todo o lado...

Para além disso, sendo um local turístico, estão garantidos também uma série de amendoins e fruta que os turistas compram propositadamente para lhes dar.

Foi o nosso caso, e posso dizer com conhecimento de causa que alguns são bem persuasivos...


Os locais, parecem temer bastante os macacos, parece que podem ser mesmo bastante agressivos. Consta também que uma dentada de um macaco, não é propriamente algo que se esquece rapidamente... Já para não falar nas doenças que podem transmitir com essa dentadita...


Tivemos essa percepção, quando enquanto dávamos uma volta pelo recinto do templo vi um macaco no topo de uma estátua que se preparava para saltar para as costas de uma turista... Na altura aquilo até me pareceu engraçado e esbocei um gesto à Xana que estava com a máquina fotográfica do que ía acontecer. Estava já a Xana, com a máquina apontada, quando uma guia aparece histérica aos gritos a enxotar o macaco e com um ar verdadeiramente reprovador para a Xana :-)

Se tivéssemos um buraco, escondíamos-nos lá dentro, tal a nossa maldade :-)

Tirando este episódio, foi uma volta interessante especialmente pela paisagem no topo destas arribas e estávamos já prontos para partir até Kuta, a praia mais badalada (e turística claro) de Bali para ver o que eles chamavam o formidável pôr do sol como nunca viram igual!

Lá fomos e percebemos que a grande particularidade é que o sol punha-se no mar, o que era formidável!

Não explicámos, que na realidade para nós, nem sabíamos quase o que era um pôr-do-sol que não fosse sobre o mar...

Lá fomos até à praia, uma praia normalíssima, com centenas de surfistas que vem para aqui um pouco de todo o mundo durante um mês ou mais, aproveitando as boas condições do mar, o divertimento é garantido nas centenas de bares e restaurantes existentes e no baixo custo de vida, que dá uma imensa liberdade.

Kuta, ficou mundialmente famosa pela bomba covarde que rebentou num bar, matando mais de 100 turistas e de que já falei em posts anteriores...


Nós demos uma volta por Kuta e lá estão todos os ingredientes que nós não queremos nas nossas férias :-)

Aproveitámos para jantar, fazer umas compras de ocasião e regressar ao hotel, já com o pensamento em mais umas voltas pela ilha imperdíveis!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Bali, exotismo...

Fizemos a correcção do fuso horário de meia hora (!?!) em relação a Bali e o primeiro sentimento de quem aterra em Denpasar é que definitivamente não saiu do sudeste asiático!

O caos no trânsito mantém-se com milhares e milhares de motoretas que parecem formiguinhas dopadas, que passam cruzamentos milagrosamente sem se tocar embora não se veja um palmo de asfalto.

Também aqui conduzem com a buzina. Quando perguntei ao motorista porque motivo estavam sempre a buzinar, retorquiu-me não disfarçando a surpresa pela minha pergunta “ – É para os outros saberem onde estamos!”. Óbvio...

Chegamos ao hotel a Nusa Dua, que é uma faixa comprida de praias onde se instalaram uma série de hotéis das mais famosas cadeias internacionais para albergar os milhares de turistas que chegam à ilha todos os dias.

A desilusão em Bali, é mesmo a praia que está bem longe das idílicas praias tropicais imaginadas por nós. Essas só as encontrámos um pouco mais à frente na nossa viagem em Lombok nas Gili Islands, mas Bali é muito mais do que a praia...

Aproveitámos o primeiro dia para descansar e ficámos pelo hotel num dolce fare niente entre a praia e a piscina.

No dia seguinte, saímos então com um táxi alugado para o dia. O taxista acabava por nos servir de guia... Quando o vimos pela primeira vez, tivemos dificuldade em que conter um riso infantil e espontâneo que nos assolou, uma vez que o guia tinha uns bagos arroz espetados na testa...


Já tínhamos planeado o nosso roteiro e partimos à descoberta de Bali.

A primeira impressão é divina, à medida que nos vamos embrenhando no interior da ilha, uma vez que os templos parcialmente encobertos pela vegetação luxuriante fazem-nos absorver todo o exotismo de um cenário surreal e que nos vai fascinando e surpreendendo ao longo do caminho. 



A primeira paragem foi para assistirmos a mais um espectáculo de danças balinesas... Sempre fantástico... Ajuda a colocar-nos ainda mais no espírito da ilha!






Continuamos o caminho revigorados e a próxima paragem é num fantástico parque de aves, o Taman Burung.



Este parque tem aves de toda a indonésia, desde o bornéu a Sumatra, sulavésia, Java e as ilhas orientais, bem como uma colecção impressionante das fantásticas aves do paraíso da Papua e ainda 2 exemplares do sempre misterioso e aterrador dragão de Komodo...

















Mais do que a impressionante colecção de aves, é a forma como estão expostas, eliminando ao máximo as jaulas e gaiolas. É um parque extenso e com uma vegetação luxuriante, que pretende simular os habitats naturais das aves e que ainda acrescenta algumas construções e artesanato típico dos locais de origem.


Por outras palavras, fantástico! Foi uma surpresa total para nós, claro que é sempre mais emocionante ver a fauna em liberdade e nos seus habitats naturais, mas seria impossível termos num tão curto espaço de tempo acesso a tal acervo de aves.

Aqui é também jogado um papel extremamente importante no que diz respeito à preservação de aves ameaçadas. Conta por exemplo coam a presença de um par de casais da ave mais ameaçada de extinção do mundo, o mainá-de-Bali com pouco mais de 100 exemplares em liberdade.



Estava na altura de seguir viagem, visto que hoje o dia seria comprido. Queríamos chegar aos 2 locais mais sagrados das ilhas: o Gunung Agung e o Gunung Batur. São a primeira e segunda montanha/vulcão mais altos da ilha, sendo que o primeiro representa a virilidade masculina e o segundo a sua "cara metade" feminina.

O percurso ainda é longo e já se sabe que por estes sítios, não interessa nada a quantos quilómetros de distância ficam os locais. Aqui pergunta-se a quanto tempo de distância fica... E estamos a bastante tempo de distância ainda, vamos ter que acelerar...

Nós levávamos já todo o percurso mais ou menos estudado, mas ao passar por Mas, uma aldeia conhecida pelas estátuas de madeira, aceitámos a sugestão do guia e parámos para dar uma olhada. Não demorámos muito a perceber, que era mais uma daquelas típicas ratoeiras de turistas, onde nos fazem uma breve apresentação da "fábrica" de estátuas e depois enfiam-nos numa loja com preços absurdos e fazem-nos sentir na obrigação de comprar alguma coisa uma vez que tivemos uma "fantástica" visita cultural de borla...

Depois de ter dito com o ar mais simpático que consegui ao abutre da loja que não ía comprar absolutamente nada uma vez que os preços eram pornográficos e de ter voltado à "fábrica" para dar uma gorjeta aos desgraçados que estavam por lá a trabalhar, voltámos para o carro onde sumariamente ameacei o guia de o mandar embora e de não lhe pagar absolutamente nada se me voltasse a levar a uma loja que fosse que tivesse pagamento com Visa e onde ele tivesse qualquer tipo de comissão (o esquema dos guias é sempre este, recebem uma comissão por parte da loja, dos clientes que levam).

O guia tinha um ar que parecia que se ía desmontar, e foi dizendo sempre "yes sir, yes sir, i understood!".

Ok, o flop já tinha passado e estavam colocados os pontos nos is, agora só poderia correr ainda melhor!

Na altura em que visitámos Bali, o sistema de irrigação das plantações de arroz por terraços ainda não eram património da Unesco, mas posso assegurar que eram com toda a certeza igualmente belos e ajudavam-nos e de que forma a ultrapassar o desconforto da viagem...





Especialmente nas redondezas do Gunung Kawi, a nossa próxima paragem programada.


Gunung Kawi é um templo hindu, fundado no século XI e recheado de história como é fácil de perceber. O cenário circundante é magnífico e as estátuas gigantes escavadas na rocha são o seu ex-libris.



Deixo aqui uma dica muito importante para as senhoras, verifiquem o vosso estado biológico com rigor, se não, vai ser muito difícil entrar nos templos :-)









Não sei o que terei de fazer para me redimir de um sacrilégio que cometi, com a atenuante de o ter feito sem conhecimento de causa, é que num momento de aperto afastei-me um pouco para aliviar a pressão biológica que sentia no riacho que por ali passava... Até aqui tudo bem, o problema, foi quando mais tarde o guia nos informou que se tratava do sagrado rio Pekerisan... Qual será a pena para tal heresia?!?



De volta à estrada, apontados ao Gunung Agung, lá chegámos após passar uma barreira onde se tinha que pagar uma "portagem" aos locais para passar...

Ficámos a almoçar no topo, com vista para as... nuvens! Não se via absolutamente nada! Tantos quilómetros para aqui chegar e nada, o ponto mais sagrado de Bali não queria nada connosco! Seria alguma vingança de Shiva o destruidor à conta da minha heresia em Gunung Kawi?

Enquanto almoçávamos, parece que Shiva abrandou a sua vingança e por alguns instantes, vimos o cume do Gunung Agung!


Estava na hora de fazer o percurso inverso e aproveitámos para ir ver também o Gunung Batur e depois descer para Ubud para visitar a floresta sagrada dos macacos...

Não sei bem porque o fizemos, mas é inapelável que o nome era demasiado sugestivo...

A floresta sagrada dos macacos é na realidade um complexo de templos engolida por uma floresta tropical e por isso com um exotismo e misticismo muito próprio. Com riachos sagrados, fontes e recantos quase secretos e com uma série de templos espalhados pelo complexo.

Toda a paisagem é uma atracção a não perder e os mais de 600 macacos, que quer pelo culto hindu, quer pelo culto animista de Bali, são tão sagrados como os templos, são uma atracção em si mesmo!

São completamente imprevisíveis, o que lhes acrescenta um poder sedutor imenso, todos esperam que algo desastroso ou caricato aconteça e são muitos os relatos de turistas a fugir a sete pés de um macaco mais atrevido e dos inúmeros roubos a que são sujeitos por estas criaturas tão adoráveis como assustadoras...

O conselho é que ninguém dê de comer aos macacos e para não levar nada solto, senão é certo e sabido que não volta para casa da mesma forma :-)






Bela forma de terminar o dia. Foi um dia empolgante e cheio de actividade! Resta-nos seguir para o hotel para carregar baterias!